É de público e notório conhecimento que o tiro esportivo brasileiro vem, injusta, infundada e imotivadamente sofrendo constantes ataques.
Recentemente, foi publicado o Decreto 12.345/24, o qual, desde o berço do seu nascimento até sua maturação, tinha o objetivo principal de corrigir as distorções normativas inauguradas pelos diplomas legais vigentes, mas que, por motivos desconhecidos, foi publicado em dissonância com tudo aquilo anteriormente negociado, acordado e prometido, passando de longe de atender às necessidades e anseios do esporte, entidades de administração e seus praticantes.
Como se não bastasse esse já penoso contexto, na primeira semana de março, a CBTE foi surpreendida com a comunicação contida no Ofício nº 20-Asse Ap As Jurd/CCFEx, datado de 27 de fevereiro de 2025 e firmado pelo Coronel ANDRÉ BOU KHATER PIRES (Subchefe do Centro de Capacitação Física do Exército) em substituição ao General de Brigada RICARDO AUGUSTO MONTELLA DE CARVALHO (Chefe do Centro de Capacitação Física do Exército), de que o Exército Brasileiro, através do CCFEx, encerrou, de forma definitiva em 24 de fevereiro de 2025, as “atividades nos equipamentos esportivos que compõem o Legado Olímpico Deodoro, em especial o Centro Militar de Tiro Esportivo”.
O citado documento menciona, ainda, que a decisão foi motivada “Em virtude da ausência de repasse dos recursos previstos no Acordo de Cooperação EME Nº 017-010-00 e considerando a decisão do Ministério do Esporte de não renovar o referido acordo”, e solicita “que esta informação seja amplamente divulgada entre os atletas e demais envolvidos na prática do tiro esportivo, a fim de possibilitar a readequação de suas atividades”.
Todavia, a atitude e decisão adotadas pela referida Organização Militar causam espanto, indignação e consternação à CBTE, inclusive por ter sido comunicada somente após o fechamento definitivo.
Isto porque, há longos anos, a CBTE manteve uma relação de parceria e transparência com o CCFEx, pela qual realizou vultosos investimentos no CMTE, tanto financeiros quanto humanos – através de disponibilização de pessoal técnico qualificado, destinados à execução de serviços de reparo, manutenção e aperfeiçoamento dos equipamentos, mobiliário e instalações do CMTE.
Portanto, já de início, causou grande estranheza o fato de a CBTE ter sido comunicada sobre o encerramento das atividades daquele complexo somente após seu encerramento, sem qualquer aviso anterior, ou sequer contato por parte do CCFEx oportunizando à CBTE somar esforços a fim de alcançar uma solução para o entrave e preservar, com isso, a continuidade das atividades do CMTE.
Ainda, é importante lembrar que o CMTE é o equipamento mais completo, importante e valioso para o tiro esportivo no Brasil, já tendo sido sede de grandiosos eventos, como Jogos Pan-Americanos Rio 2007, Copas do Mundo da ISSF, Seletivas Olímpicas, Sul-Americanos, e, principalmente, os Jogos Olímpicos do Rio 2016, no qual foi conquistada a medalha de prata pelo atleta Felipe Wu.
Com isso, é irrazoável e incompreensível que o CMTE, referência inclusive internacional, seja encerrado de supetão, num momento em o Brasil já formalizou sua candidatura para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031, e que seus atletas se preparam para novo ciclo olímpico (Los Angeles 2028) e diversos campeonatos internacionais classificatórios.
É revoltante, da mesma forma, a postura adotada pelo órgão responsável, que, desprezando todos os esforços promovidos pela CBTE para conservação e melhorias do CMTE como fruto de uma parceria de muitos anos, lhe faltou com a consideração, respeito e transparência, atributos os quais, até então, acreditava-se que seriam mútuos.
Dessa forma, não restam dúvidas que permitir o encerramento, fechamento e abandono do legado olímpico constitui um dano severo à história esportiva do Brasil, aos atletas que arduamente se dedicam ao treinamento e precisam destes equipamentos, bem como um desperdício do dinheiro público empregado na construção das arenas que o compõem, e que agora, diante dessa decisão de encerramento, passarão a não mais ter utilidade.
Assim, diante da ingrata surpresa que se apresentou, a CBTE já está empreendendo esforços a fim de buscar informações concretas e detalhadas acerca dos fatos, bem como formas possíveis, e que sejam viáveis, de reverter o lamentável e intempestivo fechamento do CMTE, ou solução alternativa que se revele mais benéfica tanto para o Esporte quanto para os atletas.
Nesse esteio, a CBTE vem buscando apoio das instituições, especialmente Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil, para quais reforça, desde já, seu apelo público àqueles que possuem essencial importância na busca por uma solução do entrave.